Saúde mental

A luta antimanicomial na tela do cinema

O Dia Nacional da Luta Antimanicomial é celebrado em 18 de maio e foi instituído após profissionais da saúde protestarem contra a maneira como eram tratadas as pessoas com doenças mentais

Jô Folha -

A arte é uma forma de expressar sentimentos. Através da livre produção artística, em pinturas ou esculturas de argila, por exemplo, é possível obter uma representação do inconsciente. O filme Nise - O coração da loucura retrata como esta ferramenta pode contribuir para a psicologia analítica e no tratamento psiquiátrico, contrapondo métodos mais brutais, como eletrochoque, lobotomia e insulinoterapia. Em ação do Serviço de Saúde Mental de Pelotas, usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) foram levados nesta segunda-feira (16) à tarde ao Cineflix, no Shopping Pelotas, para conhecer a história da luta antimanicomial.

Amanda Dias, que realiza tratamento no Caps Escola, saiu emocionada da sessão. Com sorriso estampado no rosto, ela conta que participa de atividades de arte - teatro, no caso - e integra grupos de conversação entre jovens, como os pacientes interpretados no filme. “Antes as pessoas eram tidas como loucas e enfrentavam muito preconceito. Agora já diminuiu bastante”, disse. Amanda ainda destacou as dificuldades enfrentadas e a superação da doutora Nise da Silveira, interpretada pela atriz Glória Pires. Cerca de 150 pessoas estiveram no Cineflix.

A gerente de Saúde Mental de Pelotas, Cynthia Yurgel, comenta sobre a importância de mostrar a antiga realidade para os pacientes, a fim de fazê-los compreender a atual política de cuidados. Sobre a experiência de oportunizar a ida ao cinema, ela descreveu a empolgação dos internados. “Alguns ficaram surpresos só de entrar no shopping. Não sabiam que era possível vir sem pagar a entrada”, falou. Esta foi a primeira ação da programação prevista para a Semana de Luta Antimanicomial.

A luta pela luta
O Dia Nacional da Luta Antimanicomial é celebrado em 18 de maio e foi instituído após profissionais da saúde protestarem contra a maneira como eram tratadas as pessoas com doenças mentais, inclusive com violação de direitos humanos. A bandeira defendida é que esse público, ao invés de ficar internado em leitos psiquiátricos, receba tratamento em serviços alternativos como os Caps, Programas de Redução de Danos, Centros de Convivência, Oficinas de Geração de Renda.

Novos métodos de tratamento
Protagonista do filme baseado em fatos reais, a doutora Nise da Silveira empenhou-se para adotar novos métodos para a evolução de seus pacientes. Com auxílio de um enfermeiro, fundou um atelier de pintura e escultura no Centro Psiquiátrico do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, para que os sentimentos fossem expostos através da arte. Contrariada pelos outros médicos do hospital, defendeu a humanização dos tratamentos, dando liberdade aos pacientes ao invés de optar pela força de outros procedimentos. Cães também eram utilizados a fim de estimular o afeto dos internados, que, muitas vezes, viviam conflitos internos e situação de abandono dos familiares e dos próprios terapeutas da clínica. A médica alagoana morreu em 1999, com 94 anos.

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